domingo, 7 de novembro de 2010

Então, perdido em NY encontra-se

O QUE SE PERDE

Ah, minha doce inocência, quem turvou teu alvo espectro?
Quando em ti, serena,
esperei a calmaria
que, supus, acalmaria
a rigidez soluçante da pena.

Ah, minha doce inocência, quem molhou teu terno leito?
Quando em ti, acolhedora,
esperei pelo regaço
onde depositaria meu cansaço,
abandonado numa manjedoura.

Ah, minha doce inocência, quem plantou rugas em tua úmida face?
Quando em ti, singela,
subverti toda a lei,
em vão te procurei,
mesmo no riso de Marcela.

Ah, minha doce inocência, quem profanou teu santuário?
Quando em ti, casta,
a vida entreguei à sorte,
da vida esperando a morte,
nesta planície longa e vasta.

terça-feira, 13 de abril de 2010

De volta ao começo

Então vem o gentil convite de Teresa Drummond para mostrar o novo livro em seu evento POETA SAIA DA GAVETA...Fora exatamente ali, há 16 anos atrás, que entreguei um monte de folhas datilografadas para um querido louco que o transformaria no meu primeiro livro. Deu uma saudade de tudo aquilo! Ah, o poema que falei naquele dia...? Dito em passos de comedie de l´art, foi o seguinte




DELÍRIOS SALTIMBANCOS

Quem sou eu?
Eu também sou brasileiro,
eu também sou vigarista.
Eu finjo, te engano
sou arteiro, sou artista.
Não te escondo o que faço
sou palhaço,
sem circo e sem picadeiro
meu palco é qualquer espaço
meu palco é o brasil inteiro.
Pode rir sou artista e brasileiro.
É esse o meu retrato
o de um pobre sonhador fazendo teatro
e pior, amador.
Mas não pense que sou tolo
pra fazer graça, de graça
no meio da praça.
Daqui não saio sem recompensa,
isto nem se pensa.
Não peço jóias nem ouro
não é este o meu tesouro.
Calma, já os deixarei em paz!
Só espero um sorriso e um aplauso
se não for pedir demais.